FELA DAY, FELA WEEK, FELA FOREVER
via Nelson MAca Maca
Aniversário do artista nigeriano Fela Kuti, dia 15/10, ganha semana comemorativa em Salvador
Realizado anualmente em vários países, o Fela Day marca as comemorações pelo nascimento do músico e ativista nigeriano Fela Kuti (1938-1997), em 15 de outubro. Em Salvador, vários projetos culturais se juntam numa semana de atividades com diferentes ações, mas que têm um objetivo em comum: promover um grande reencontro com a imagem forte, a música envolvente e com as idéias revolucionárias do pai do afrobeat.
A programação começa segunda, com o projeto Qual é a da noite?, que apresenta peças teatrais de temática negra no Sankofa African Bar, no Pelourinho a partir das 19h. Na ocasião, será representada a peça CÂNCER, do Grupo Ditirambos, que conta a historia de uma conflituosa relação entre um proprietário e seu inquilino. Em cena Du Vado Jr., Jean Pedro e Vinícius Carmezim. Bertho Filho assina texto e direção. Após a peça quem comanda a festa é o Sistema KALAKUTA, com um muito afrobeat numa homenagem ao nigeriano Fela Kuti.
Na terça, o evento ganha a rua, na tradicional roda de break da Praça da Sé comandada pelo grupo Independente de Rua . Diante os painéis grafitados nos Fela Days de 2009 e 2010 e embalados pela batida do afrobeat, dançarinos se alternam na roda, que terá microfone aberto para improvisadores do hip hop, ou seja, do rap free-style, desenvolverem suas rimas na hora. Durante a noite, o grafiteiro Lee27 fará um dos 4 painéis temáticos que comporão uma mini-exposição a ser inaugurada na sexta, durante a Festa Afrobeat .O Sarau Bem Black, que acontece às quartas, também no Sankofa, dá seguimento à programação. Fela Kuti é o tema central da noite com muita música e poesia tematizando as questões da negritude. Na abertura da noite, será exibido o filme Fela Kuti: A Música é a Arma. O DJ Joe, residente do projeto, promete uma sequência inesquecível de músicas de Fela Kuti diretamente dos vinis, entre uma performance e outra. Do lado de fora do bar, o artista Finho empresta seu talento para a grafitagem do segundo painel temático.
Todos estes assuntos estarão em pauta, quinta-feira, num encontro entre os envolvidos nas atividades da semana, mas com entrada aberta aos demais interessados. A partir das 19h, acontece a terceira exibição do filme Fela Kuti: A Música é a Arma, seguida de pequenas falas sobre Pan-africanismo e Fela Kuti, e depoimentos dos realizadores dois projetos que integram o Fela Day. O grafiteiro Zezé Olukemi executa o terceiro painel.
Nos dois últimos dias acontecem a confraternização entre realizadores, artistas, incentivadores, apoiadores e, logicamente, público em geral. Na sexta, acontece uma edição especial da Festa Afrobeat, com o Sistema Kalakuta. Quatro, os DJs Sankofa, Dudoo Caribe, Riffs e Edbrass se revezam, tomando conta da noite numa sequência ininterrupta de afrobeat e gêneros afins. A festa conta também com poetas e rappers que soltarão seus versos sob bases musicais, exibição de filmes e clipes e grafitagem ao vivo de Neuro, que pintará o quarto painel que comporá a mini-exposição no local.
Finalizando essa sequência de homenagens a Fela Kuti, a cooperativa Rango Vegan une-se à Omosholá Artes Africanizadas para uma grande confraternização, no domingo, em torno da moda conceitual e da alimentação saudável. A tarde terá exibição de documentário, discotecagem, feira, desfile de roupas africanas e venda de produtos alimentícios da Rango Vegan, confeccionados sem nenhum ingrediente animal. A Omoshalá também exibe suas roupas nos outros eventos da semana.
Evento: Fela Day, Fela Week, Fela Forever
Quando: de 15 a 21 de outubro de 2012
Onde: Sankofa African Bar, Praça da Sé e Cooperativa Rango Vegan
:: Segunda (15/10), Sankofa African Bar, Pelourinho, a partir das 19h
Projeto Qual é a da noite?
Apresentação da peça: CÂNCER (Grupo Ditirambos)
Música: Sistema Kalakuta
Entrada: R$ 10,00 / Casadinha: 15,00
:: Terça (16/10), Praça da Sé, 19h
Roda de break com o grupo Independente de Rua
Especial com música afrobeat
Microfones abertos: rap free-style
Grafite ao vivo: Lee27
Entrada franca
:: Quarta (17/10), Sankofa African Bar, às 19h
Sarau Bem Black- Especial Fela Kuti
Exibição de filme: Fela Kuti: A Música é a Arma
Música: Dj Joe - Especias Fela Kuti
Grafite ao vivo: Finho
Entrada franca
:: Quinta-feira (18/10), Sankofa African Bar, às 19h
Mini-palestras e bate-papo sobre Fela, afrobeat e o Pan-africanismo
Exibição do doc: Fela Kuti: A Música é a Arma
Mini-palestras: Nelson Maca e Fábio Mandingo
Bate papo: integrantes dos projetos que compõe a semana
Música: Dj Sankofa - Especial afrobrat
Grafite ao vivo: Zezé Olukemi
Entrada franca
:: Sexta (19/10), Sankofa African Bar. 21h
Festa Afrobeat com Sistema Kalakuta
(Djs Dudoo Calibre, Edbrass, Riffs e Sankofa)
Exibição do doc: Fela Kuti: A Música é a Arma
Particpação: Poetas e Rappers
Grafite ao vivo: Neuro
Mini-exposição de grafite: Finho, Lee27, Neuro, Zezé Olukemi
Entrada: R$ 10,00
:: Domingo, 21/10, Cooperativa Rango Vegan, 15h.h
FelaVille? / Rango Vegan + Omosholá
Exposição, desfile e comerciaçialização de roupas africanizadas
Música afrobeat, Rap, Reggae, Exibição de curtas e Lanches
Mni-exposição de grafite: Finho, Lee27, Neuro e Zezé Olukemi
Entrada franca
Mais informações: 9130-4618 / 9330-8746
FELA KUTI: PAI DO AFROBEAT
O feito que consagra Fela Kuti é a elaboração da música Afrobeat. Chegando ao auge nas décadas de setenta e oitenta, representa uma fusão da música tradicional da Nigéria com as inovações do Highlife de Ghana, além de ritmos cubanos e elementos do sopro do jazz. Tudo potencializado no encontro, pontual, com as guitarras e baixos da soul music norte-americana.
Definitivamente, há um Fela antes e um Fela depois de sua descoberta de James Brown, que chega em sua vida juntamente com Malcolm X. Daí resultou uma música de pegada brutal justaposta por letras de alta tensão política e racial. Fela afirmou que a politização profunda de sua música, sua descoberta da africanidade real, se deu quando morou nos EUA. A responsável por isso foi Sandra Smith Isidore, sua namorada então, que pertencia aos quadros do Black Panters. Foi ela que primeiro questionou Fela sobre a importância do que falavam suas letras. Também apresentou a ele a auto-biografia de Malcolm X e a música de James Brown
As canções de Fela quebram totalmente as convenções tradicionais das músicas ocidentais e/ou “comercias”. Para se ter uma idéia, são músicas de 15, 20 minutos ou mais. Introduções longas, improvisações, repetições, chamamentos e respostas. O mais genial é a junção desses elementos em suas performances ao vivo, por se tratar de um instrumentista múltiplo, religioso praticante no palco e também um grande dançarino. Some-se a isso a competência de seus músicos juntamente com os coros e coreografias de suas esposas e não haverá limites conhecidos
DOCUMENTÁRIO: FELA KUTI: A MÚSICA É A ARMA
Documentário sobre Fela Anikulapo Kuti, dirigido, em 1982, por Stéphane Tchal-Gadgieff e Jean Jacques Flori, "Music Is The Weapon" é essencial para todos saberem mais sobre o artista e sobre a história da música africana.
O filme centra-se em declarações do nigeriano Fela Kuti, criador da música afrobeat, que estabeleceu a relação explosiva entre a música tradicional africana, as novidades do higlife de Gana, os ritmos afro-cubanos e, destacadamente, a influência norte-americana do Jazz e da Black Music. A soma deste lastro musical juntamente com a vivência de Fela Kuti com o Movimento Black Power e com o Panafricanismo estabelece a fusão primordial da experiência afrobeat: arte e ativismo revolucionários bem captados neste registro histórico incomparável.
Além da localização da genialidade de Fela Kuti, o documento apresenta imagens do cotidiano do artista, como sua propriedade, a República Kalakuta, e sua casa noturna, África Shrine - ambas declaradas territórios independentes dentro do país. O filme é uma mostra concreta de enfrentamento que faz o “Presidente Negro” ao seu conflitante e violento cotidiano da Nigéria nas décadas de sessenta e setenta principalmente.
Incrivelmente dançante em si, a música de Fela Kuti cresce magistralmente sua tensão quando em processo performático (ao vivo). Além de tocar vários instrumentos, acompanhado de incrível “big band”, África 70 (depois Egito 80), e de um corpo de dançarinas formado por suas esposas, ele próprio era também cantor e dançarino.
Enfim, além de sua expressão estética permeada por suas práticas religiosas e espirituais, o vídeo valoriza o pensamento político do artista mais revolucionário que a África já teve.
https://www.facebook.com/kukalesa
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